Momentu (lat.);Espaço pequenissimo de tempo; ápice; instante; tempo ou ocasião em que alguma coisa se faz ou acontece
A caminho das 35 semanas...
Ouço a Six Feet Under Soundtrack... é deliciosa. A músia do momento:
O homem das castanhas
Na Praça da Figueira,
ou no Jardim da Estrela,
num fogareiro aceso é que ele arde.
Ao canto do Outono,
à esquina do Inverno,
o homem das castanhas é eterno.
Não tem eira nem beira,
nem guarida,
e apregoa como um desafio.
É um cartucho pardo a sua vida, e,
se não mata a fome, mata o frio.
Um carro que se empurra,
um chapéu esburacado,
no peito uma castanha que não arde.
Tem a chuva nos olhos e tem o ar cansado,
o homem que apregoa ao fim da tarde.
Ao pé dum candeeiro acaba o dia,
voz rouca com o travo da pobreza.
Apregoa pedaços de alegria,
e à noite vai dormir com a tristeza.
Quem quer quentes e boas, quentinhas?
A estalarem cinzentas, na brasa.
Quem quer quentes e boas, quentinhas?
Quem compra leva mais calor p'ra casa.
A mágoa que transporta a miséria ambulante,
passeia na cidade o dia inteiro.
É como se empurrasse o
Outono diante;
é como se empurrasse o nevoeiro.
Quem sabe a desventura do seu fado?
Quem olha para o homem das castanhas?
Nunca ninguém pensou que ali ao lado
ardem no fogareiro dores tamanhas.
Quem quer quentes e boas, quentinhas?
A estalarem cinzentas, na brasa.
Quem quer quentes e boas, quentinhas?
Quem compra leva mais amor p'ra casa.
Letra: Ary dos Santos
Música: Paulo de Carvalho
Muito cedo despertou em mim o dito relógio biológico, o querer ter um filho. Um dia acordei e lá estava ele, a emocionar-me e a levar-me ás lágrimas com cada criança que me sorria. Não sei muito bem como e porque é que despertei tão cedo para a maternidade, mas a verdade é que aconteceu sem esperar e perdurou por vários anos até ao dia de hoje, onde continuo a aguardar com grande expectativa o dia que serei mãe.
No núcleo de amigas de escola (os anos que já lá vão) não existem mães, embora já exista um pai! Ainda só uma amiga, despertou para a maternidade, também acordou um dia com o relógio a badalar! As outras estão mais na onda de serem “tias”! O que é bom! (…)
Nunca imaginei que a gravidez fosse um estado tão absorvente e contraditório. A minha experiência (a um mês do fim) tem sido de uma intensidade extraordinária. Já me aconteceram alguns percalços, tensão alta, tromboses hemorroidais, com direito a cirurgia e tudo (o que não desejo a ninguém, porque provoca dores excruciantes), deslocamento de placenta, tensão baixa… percalços, que no meio da confusão até os vejo como normais! Digo confusão porque emocionalmente me sinto completamente confusa! - É a criança que mexe, e se mexe é porque não pára de se mexer e penso, mas porque é que mexe tanto?! - É a criança que não mexe e se não mexe, penso, mas porque é que não se mexe?! - São as dores nas costas, nas penas, no peito! É a azia, maldita da azia! São as lágrimas, são os risos… é o marido, os animais, a mãe, a sogra, a irmã, os amigos, os vizinhos, o dia, a noite… são as luas, é o sol e a chuva… – é tudo tão confuso, tão intenso, tão emocionalmente intenso. Nunca fiz filmes mentais “vai ser assim, vai ser assado” e talvez até por isso me sinta tão fragilizada…
Penso que a maioria das mulheres (pelo menos as que conheço e que já são mães) não dizem o que realmente passam/sentem durante a gravidez. Claro que cada mulher é diferente, mas este estado é muito semelhante para todas e por isso penso que nas conversas femininas que tive, ficou muito por dizer sobre este tema.
Tenho procurado a tranquilidade e a paz para me harmonizar com o ambiente e com o meu filho. Julgo que tenho conseguido, mas por esta altura do campeonato já começam a escassear as energias… a expectativa é muito grande e o tempo parece que avança a conta gotas.