2006-03-31

Teatro

Ontem fui assistir a mais uma peça da Cenourem, O Casamento, peça de Sérgio Ribeiro apresentada pelo Grupo de Teatro de Seiça. No início julguei que se tinham inspirado em João César Monteiro, tal era a escuridão naquela sala!
Quando finalmente os noivos, (e que lindo vestido levava a noiva!) respectivos convivas deram o ar da sua graça, gerou-se na sala um verdadeiro ambiente de casamento, o público fazia mais barulho que os próprios, mas barulho é muito normal em casamentos! A peça está engraçada, o grupo conseguiu criar o ambiente de casamento, com bailarico e tudo!
Gostei, mas… faltou essência... Talvez porque a expectativa relativamente ao texto era grande… o texto pede mais atitude, mais genica… falta-lhe algo, na minha humilde opinião. De qualquer forma, vão ao teatro, "O sorriso enriquece os recebedores sem empobrecer os doadores."

2006-03-30

A vida é feita de pequenos nadas

A Vida É Feita de Pequenos Nadas (Segunda-feira trabalhei de olhos fechados na terça-feira acordei impaciente na quarta-feira vi os meus braços revoltados na quinta-feira lutei com a minha gente na sexta-feira soube que ia continuar no sábado fui à feira do lugar mais uma corrida, mais uma viagem fim-de-semana é para ganhar coragem) Muito boa noite, senhoras e senhores muito boa noite, meninos e meninas muito boa noite, Manuéis e Joaquinas enfim, boa noite, gente de todas as cores e feitios e medidas e perdoem-me as pessoas que ficaram esquecidas boa noite, amigos, companheiros, camaradas a vida é feita de pequenos nadas a vida é feita de pequenos nadas Somos tantos a não ter quase nada porque há uns poucos que têm quase tudo mas nada vale protestar o melhor ainda é ser mudo isto diz de um gabinete quem acha que o casse-tête é a melhor das soluções para resolver situações delicadas a vida é feita de pequenos nadas E o que é certo é que os que têm quase tudo devem tudo aos que têm muito pouco mas fechem bem esses ouvidos que o melhor ainda é ser mouco isto diz paternalmente quem acha que é ponto assente que isto nunca vai mudar e que o melhor é começar a apanhar umas chapadas a vida é feita de pequenos nadas Ouvi dizer que quase tudo vale pouco quem o diz não vale mesmo nada porque não julguem que a gente vai ficar aqui especada à espera que a solução seja servida em boião com um rótulo: Veneno! é para tomar desde pequeno às colheradas a vida é feita de pequenos nadas boa noite, amigos, companheiros, camaradas a vida é feita de pequenos nadas. Sérgio Godinho (Está tudo dito!)

2006-03-28

Ao longe o mar

Madredeus. É o meu grupo musical preferido. Ouço muitos estilos de música, mas os Madredeus estão indubitavelmente no topo da minha lista. Quando os ouço sinto sempre aquele arrepiozinho na nuca e nessa a alma levita o corpo vibra e dá-se a entrega absoluta. Tenho todos os álbuns, sei toda a história, pertenço ao clube de fãs! E é com eles que me evado… não consigo dizer que gosto mais deste ou daquele albúm, gosto de todos, de forma diferente. Sugiro esta música, por exemplo:
Porto calmo de abrigo
De um futuro maior
Porventura perdido
No presente temor
Não faz muito sentido
Não esperar o melhor
Vem da névoa saindo
A promessa anterior
Quando avistei ao longe o mar
Ali fiquei
Parada a olhar
Sim, eu canto a vontade
Canto o teu despertar
E abraçando a saudade
Canto o tempo a passar
Quando avistei ao longe o mar
Ali fiquei
Parada a olhar
Quando avistei ao longe o mar
Sem querer, deixei-me ali ficar
Esposende

2006-03-26

Peace & Love

Uma amiga enviou-me este site com uma mensagem especial para mim. Enviei também uma mensagem para ela e agora deixo uma para todos! Espero que gostem e partilhem.

Mais provérbios!

O dia começou às dez da manhã com a minha mãe a tocar à campainha. Ficou muito surpreendida porque ainda estava a dormir e então disse com a autoridade que só uma mãe tem: - Quem muito dorme pouco aprende! E com este grande exemplo de sabedoria popular, remeto-me a nova dose de provérbios. Não há duas sem três Quem tudo quer, tudo perde Depois da tempestade vem a bonança Abril águas mil Olho por olho, dente por dente Quem ri por último, ri melhor Com papas e bolos se enganam os tolos Quem parte e reparte e não fica com a melhor parte é palerma ou não tem arte Calças brancas em Janeiro é sinal de falta de dinheiro Bago a bago enche a galinha o papo Casa onde não há pão, todos ralham e ninguém tem razão Se Maomé não vai à montanha, a montanha vai a Maomé Diz-me com quem andas e dir-te-ei quem és É dos carecas que elas gostam mais (nunca percebi o significado deste!) Em casa de ferreiro, espeto de pau Quem tem mãe, tem tudo!

2006-03-25

Memória

Caminhava na Rua do Souto, famosa rua de Bracara Augusta, quando repentinamente sou parada, mais, petrificada por um cheiro, um determinado odor que me forçou a parar e a procurar a sua origem. (sei exactamente a que cheira, tabaco para cachimbo com aroma de cereja. Um amigo meu fuma (va) este tabaco e o seu odor ficou indelevelmente gravado na minha memória. É como se fosse o disco rígido do cérebro, armazena informação, a que queremos e a que não queremos também! Depois arruma-a por tipos de memória, a descritiva, a fotográfica, a cromática, a olfactiva…. E desta arrumação toda surgem as memórias, as lembranças. Se não nos lembrássemos de determinado acontecimento, cheiro ou sabor não tínhamos identidade nem reconheceriamos nada… Apesar de haver milhares de memórias, lembranças diferentes em cada cérebro, também existem as que são semelhantes) …

E com este pensamento que começo a enumerar os odores gravados na (s) minha (s) memória (s)…

  • Sardinheiras em Flor
  • Pêlo de cão molhado
  • Marido de barba feita
  • Borracha queimada
  • Estrume
  • Terra molhada num dia de verão
  • O mar
  • Rio Homem
  • Favas Guisadas
  • Gasolina
  • Relva cortada
  • Pêssego, acabado de colher
  • Livro, novo ou velho
  • Mãe depois de um banho relaxante
  • Cripta da Sé Colegiada
  • Vento num dia de Inverno, no castelo
  • Eucaliptos
  • Chocolate quente
  • Café
  • Pão quente São as algumas das minhas memórias olfactivas, mas certamente as mesmas de tantas pessoas. TODOS DIFERENTES, TODOS IGUAIS.

2006-03-21

Claridade

Hoje clareou, houve... Claridade Clareou. Vieram pombas e sol, E de mistura com o sonho Posou tudo num telhado... Eu destas grades a ver Desconfiado Depois Uma rapariga loura (era loura) num mirante estendeu roupa num cordel: roupa branca, remendada que se via que era de gente lavada, e só por isso aquecia... E não foi preciso mais: Logo a alma Clareou por sua vez. Logo o coração parado Bateu a grande pancada Da vida com sol e pombas E roupa branca, lavada. Miguel Torga Porque hoje é Dia Mundial da Poesia

A morte saiu à rua num dia assim

Há uma música que acorda comigo muitas vezes, é um pouco estranho acordar a cantá-la, porque tem uma letra um pouco mórbida, mas ao mesmo tempo, transmite-me uma fantástica sensação de liberdade. No fundo é um hino, um marco de um determinado tempo que embora passado ainda marca os nossos dias em situações que se repetem pelo mundo fora. A morte saiu à rua num dia assim A morte saiu à rua num dia assim Naquele lugar sem nome para qualquer fim Uma gota rubra sobre a calçada cai E um rio de sangue de um peito aberto sai O vento que da nas canas do canavial E a foice duma ceifeira de Portugal E o som da bigorna como um clarim do céu Vão dizendo em toda a parte o Pintor morreu Teu sangue, Pintor, reclama outra morte igual Só olho por olho e dente por dente vale À lei assassina, à morte que te matou Teu corpo pertence à terra que te abraçou Aqui te afirmamos dente por dente assim Que um dia rira melhor quem rira por fim Na curva da estrada há covas feitas no chão E em todas florirão rosas de uma nação Zeca Afonso (4 ever!) Aconselho vivamente a audição desta e de outras músicas de Zeca Afonso Curiosidade: Nesta música existem dois provérbios.

2006-03-17

Provérbios

Gosto de provérbios, conheço alguns e uso-os diáriamente! Ora, cá ficam alguns: Quem não tem cão, caça com o gato. Quem corre por gosto não cansa. A laranja de manhã é ouro, à tarde prata e à noite mata. Albarda-se o burro à vontade do dono. A cavalo dado não se olha o dente. Em tempo de guerra não se limpam armas. Com as calças do meu avô, também eu era um homem. Quem tem unhas toca guitarra. Deitar cedo e cedo erguer, dá saúde e faz crescer. De manhã é que se começa o dia. Está o vento de Ourém, não se ouve cá bem! Trigo limpo, farinha amparo.

2006-03-16

Ausência

Urgência do Hospital de Abrantes, 16:00 horas. Entra um casal de idosos, o homem seguia a sua mulher que seguia deitada, inanimada, numa maca. Seguia-a em silêncio, com lágrimas no rosto. Os enfermeiros continuaram a andar, abriram as portas em par e disseram: - O senhor espera aqui. As portas fecharam-se, com grande estrondo, nesse momento foi como se o homem tivesse despertado e começou a falar. Falava e as lágrimas ainda corriam ainda mais depressa, e dizia: - Quero ir também, quero estar com a minha Rosa. A minha Rosa vai e eu também quero ir. Tirem-me o pacemaker, tirem-me o pacemaker… O monólogo continuou, as lágrimas continuaram.
O som da voz foi diminuindo, as lágrimas não, a dor não. A dor… Ir, partir, deixar este mundo, falecer, morrer. A morte é parte da vida, mas a vida dos que não vão, não partem, não deixam este mundo, não falecem, não morrem não é a mesma depois da morte. A ausência…

2006-03-13

Animais

Gostam de animais, especialmente gatos e cães. Ela teve um papagaio fêmea, a Rita, que morreu de velhice. Um rouxinol, que voou da gaiola e fez muito bem! (Gosta de pássaros, mas não gosta de os ver nas gaiolas)... um hamster, que a gata, a Espanhola, chacinou assim que aprendeu a abrir a gaiola! (Lá está, as gaiolas!) Dois peixes, o Adriano e o Virgílio, que faleceram por terem comido de mais! Resignou-se às evidências, não podia ter animais “engaiolados”… e gatos, muitos gatos, Fofinhos foram dois, Espanholas três, um Pantufa, um Tareco e outros, os dos vizinhos que também por lá apareciam! Ele teve dois cães, o Snoppy e o Putchy, um gato, (herdado) o Napoleão, por estranho que pareça todos faleceram por doença… Agora em casa deles, quem manda são as “meninas”, a Xinha Amália e a Lucy in the sky with diamonds. São meros servos dos seus desejos e caprichos, mas são felizes com elas e elas com eles!

Estiveram no Oceanário e mais uma vez ficaram deslumbrados! Quando visitam os peixinhos ficam sempre maravilhados! É o azul, as cores, os peixes tão diferentes, aquele ritmo lento que desfila diante dos olhos. A Manta é relaxante, passa por eles a voar majestosamente, como se não houvesse tempo, como se não houvesse espaço… e o peixito sempre em cima dela! As Lontras são adoráveis, nos seus mergulhos e na sua tarefa infinita de friccionar o pêlo, parece que estão sempre prontas para a brincadeira. O favorito dela é o Peixe-Lua, nunca tinha visto nenhum, nem sabia que existiam, mas é o seu favorito. Parece que não tem corpo, só cara! Desta vez até os brindou com algo que nunca tínham visto: largada de excrementos! (Natural, afinal está em casa dele!) Gostam de ficar sentados, juntos, a olhar para aquela pequena amostra de oceano.

2006-03-09

Bucólica

A vida é feita de nadas: De pequenas serras paradas À espera de movimento; De searas onduladas Pelo vento De casas de moradia Caídas e com sinais De ninhos que outrora havia Nos beirais; De poeira; De sombra de uma figueira; Dever esta maravilha: Meu Pai erguer uma videira Como uma mãe que faz a trança à filha. Miguel Torga (Que tal, para pensamento do dia?)

2006-03-08

Dia da Mulher?!

Não concordo com o dia da mulher. Este dia não é diferente para nenhuma de nós e serve unicamente para acentuar o atraso e descriminação que ainda existe na sociedade relativamente às questões femininas. As mulheres são o motor da sociedade. Os homens nascem do ventre da mulher, são educados pela mãe, namoram ou casam-se com uma mulher (maioritariamente!). As mulheres estão presentes em todos os acontecimentos desde a criação do mundo! Porque é que necessitamos de um dia?!? Porquê? Será que não eramos reconhecidas sem este dia? Será que somos reconhecidas com este dia?
Não faz diferença nenhuma. Ou faz? ...

2006-03-07

Retrato a Preto e Branco

Ouço música todos os dias e não consigo estar em casa sem ter alguma coisa a tocar na aparelhagem. É nela que me encontro. Comecei cedo a estudar música e se inicialmente nem sabia muito bem porque o fazia, mais tarde tornou-se parte da minha vida. Existem músicas que me (nos) marcam e hoje deixo mais uma.

Retrato a Preto e Branco Letra de Chico Buarque de Holanda e música de António (Tom) Carlos Jobim. Já conheço os passos dessa estrada Sei que não vai dar em nada Seus segredos sei de cor

Já conheço as pedras do caminho E sei também que ali sozinhoEu vou ficar, tanto pior

O que é que eu posso contra o encanto Desse amor que eu nego tanto Evito tanto

E que no entantoVolta sempre a enfeitiçar Com seus mesmos tristes velhos fatos

Que num álbum de retratoEu teimo em coleccionar

Lá vou eu de novo como um tolo Procurar o desconsolo Que cansei de conhecer

Novos dias tristes, noites claras Versos, cartas, minha cara Ainda volto a lhe escrever

Pra lhe dizer que isso é pecado Eu trago o peito tão marcado De lembranças do passado

E você sabe a razão Vou coleccionar mais um soneto Outro retrato em branco e preto

A maltratar meu coração Vou coleccionar mais um soneto Outro retrato em branco e preto

A maltratar meu coração

Recomendo a versão de Ney Matogrosso, apesar de existirem umas dezenas de versões, ou Maria Bethania, embora prefira Ney!

2006-03-06

Não é?

Amor não é sofrimento, é calar o lamento Amor não é vencer, é nem sempre perder Amor não é chorar, é saber aliviar Amor não é sofrer é por vezes esquecer Amor não é cego, é não ouvir o ego Amor não é loucura, é não querer cura Amor não é fogueira, é o teu corpo à minha beira! César Gonçalves

2006-03-04

Há palavras que nos beijam

Há palavras que nos beijam Como se tivessem boca. Palavras de amor, de esperança, De imenso amor, de esperança louca. Palavras nuas que beijas Quando a noite perde o rosto; Palavras que se recusam Aos muros do teu desgosto. De repente coloridas Entre palavras sem cor, Esperadas inesperadas Como a poesia ou o amor. (O nome de quem se ama Letra a letra revelado No mármore distraído No papel abandonado) Palavras que nos transportam Aonde a noite é mais forte, Ao silêncio dos amantes Abraçados contra a morte. Alexandre O’Neill/ Mário Pacheco (Mariza - Transparente)

2006-03-03

Teatro

A noite passada fui a mais uma encenação, a decorrer no âmbito da Cenourem, pelo grupo de teatro de Pêras Ruivas. Em cena está a adaptação do livro o Principezinho de Saint-Exupery. Gostei muito do trabalho desenvolvido pelo grupo. As personagens estavam todas muito expressivas, excelentes representações, o texto muito explícito, a música adequada às cenas e à peça, e por isso a mensagem passou muito bem. Gostei mesmo muito da peça e da actuação de todos. Sai de lá mais leve. Aconselho o visionamento da peça e a reflectir um pouco no seu sentido. Por vezes na atribulação diária esquecemo-nos de ser felizes, de olhar para outros com igualdade e compreensão…

Todos diferentes, todos iguais! CARPE DIEM

2006-03-02

Quem como eu

Quem como eu em silêncio tece
Bailados, jardins e harmonias?
Quem como eu se perde e se dispersa
Nas coisas e nos dias?
Obra Poética I - Sophia de Mello Breyner Andresen

2006-03-01

Foto e Legenda

Descobri agora este blog Foto & Legenda, que me enche as medidas. Fotografia e texto, são duas das minhas paixões.
Agradeço aos criadores por tão bela ideia.
Vão lá ver, promete ainda mais do que já tem.

Fim-de-Semana Prolongado

Este fim-de-semana prolongado foi revigorante. É sempre bom rever amigos e locais que marcaram a nossa vida. Fomos ao cinema ver “Pecado Capital” com a magnífica interpretação de Vicent Cassel (se bem que sou suspeita para falar dele, sou fã!). Também fui ver Munique, é um filme que me (nos) faz pensar e questionar toda a questão israelita/palestiniana. É um bom filme. Não destaco nenhum dos actores, porque o filme é história e não interpretação. Tem, no entanto, excelentes actores. Estivemos com amigos, jantamos, conversamos (algumas conversas um pouco controversas), visitamos a casa nova de um amigo, bem instalada em Terras de Bouro,
com vista para o Homem e para a Serra, que estes dias estava linda, toda branquinha. Como a serra estava irresistível, demos um passeio para apreciar a beleza que a neve por ali deixou.
Este fim-de-semana serviu para matar saudades, mas também serviu para me lembrar que aqui é o meu/nosso lugar. Em Braga fui/fomos muito feliz. É a cidade da minha vida, mas aqui é o meu canto, as minhas raizes.
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